Equipes de resgate buscam nesta quarta-feira (5) desaparecidos após a enorme explosão que devastou a área portuária de Beirute, capital do Líbano. A tragédia de terça-feira (4) deixou mais de 100 mortos, 4 mil feridos e 100 desaparecidos, segundo estimativa da Cruz Vermelha libanesa.
Nesta quarta, ainda há fumaça saindo do local da explosão, segundo a Associated Press. As principais ruas do centro da cidade amanheceram cheias de escombros, com as fachadas dos edifícios destruídas e veículos danificados.
Imagens de drones mostram que a explosão atingiu silos de trigo que ficavam no porto. Estimativas iniciais indicam que cerca de 85% dos grãos do país, que são majoritariamente importados, estavam armazenados nos armazéns que foram destruídos.
A suspeita é que a explosão tenha partido de um armazém que guardava nitrato de amônio, um tipo de fertilizante, com grande potencial explosivo quando exposto a altas temperaturas. O presidente Michel Aoun disse na terça que é "inaceitável" que 2.750 toneladas de nitrato de amônio fossem armazenadas por seis anos em um depósito sem a segurança necessária.
Apesar de o país já ter sido alvo de terroristas e viver período de instabilidade política, não há evidência de que se trate de um atentado terrorista.
O primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, declarou que o país enfrenta uma catástrofe e declarou luto oficial de três dias. Ele disse também que o governo irá investigar os responsáveis pelo armazém que funcionava no porto da capital desde 2014.
"Eu prometo que esta catástrofe não passará sem que os culpados sejam responsabilizados. Os responsáveis pagarão o preço" – Hassan Diab, primeiro-ministro
O nitrato de amônio se apresenta como um pó branco ou em grânulos solúveis em água e é seguro - desde que não aquecido. A partir de 210 °C, decompõe-se e, se a temperatura aumentar para além de 290 °C, a reação pode tornar-se explosiva.
Um incêndio, tubos superaquecidos, fiação defeituosa ou relâmpagos podem ser suficientes para desencadear tal reação em cadeia.
A explosão no porto causou destruição em larga escala e quebrou o vidro de janelas a quilômetros de distância. Alguns barcos que navegavam próximos à costa do Líbano chegaram a ser balançados pela força da explosão. As explosões chegaram a ser ouvidas em Larnaca, no Chipre, a pouco mais de 200 km da costa libanesa.
Uma embarcação da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL) foi danificada após a explosão no porto. Em um comunicado, os capacetes azuis informaram que alguns membros da missão de paz se feriram e foram transferidos para hospitais do país.
Após a explosão, barcos foram mobilizados para resgatar pessoas que foram jogadas ao mar, segundo a Cruz Vermelha.
A emissora libanesa LBCI informou que o hospital Hôtel-Dieu de France, no centro da capital libanesa, atendeu a mais de 500 feridos. O governo da capital pediu que os feridos fossem levados para atendimento em centros de saúde de fora da cidade.
O primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison disse, em entrevista ao Channel 4 que há ao menos um australiano entre os mortos e que a Embaixada do país foi "fortemente comprometida".
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que a explosão "se parece com um terrível ataque" e disse que seu país está pronto para ajudar. E o Itamaraty disse em nota que o Brasil se solidariza com as vítimas da explosão no porto de Beirute.
Emmanuel Macron, presidente da França, disse em uma rede social que vai enviar voluntários da defesa civil e médicos "o mais rapidamente" para apoiar os hospitais do Líbano no atendimento aos feridos em Beirute.
Veja fotos da destruição:
Feridos na explosão na zona portuária de Beirute, no Líbano — Foto: STR/AFP
Região da explosão em Beirute, no Líbano — Foto: STR/AFP
Silo ficou destruído após explosão na zona portuária de Beirute — Foto: STR/AFP
Ferido em explosão em Beirute é carregada — Foto: Marwan TAHTAH / AFP
Feridos na explosão em Beirute — Foto: Marwan TAHTAH / AFP
Explosão no Líbano — Foto: Reprodução/GloboNews