Os incêndios na Amazônia são uma situação urgente que deve ser debatida no encontro de cúpula do G7, afirmou, nesta sexta-feira (23), um porta-voz da primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel. Ela é a terceira líder do G7 que sinaliza que o grupo pretende discutir o fogo na floresta amazônica: Emmanuel Macron, da França, e Justin Trudeau, do Canadá, já se pronunciaram da mesma forma.
“A magnitude dos incêndios é preocupante e ameaça não só o Brasil e os outros países afetados, mas também o mundo inteiro”, disse Steffen Seibert, representante de Merkel.
A primeira-ministra está convencida de que o tema deve ser debatido pelos países que vão se reunir para o encontro do G7, previsto para este fim de semana, em Biarritz, no sudoeste francês, segundo o porta-voz.
O presidente da França, Emmanuel Macron, também afirmou em uma rede social na quinta-feira (22) que é preciso discutir o tema na reunião.
"Nossa casa queima. Literalmente. A Amazônia, o pulmão de nosso planeta, que produz 20% de nosso oxigênio, arde em chamas. É uma crise internacional. Membros do G7, vamos nos encontrar daqui a dois dias para falar dessa urgência!", escreveu o francês.
A floresta amazônica não pode ser considerada o pulmão do mundo, pois consome a maior parte do oxigênio que produz.
Canadense também quer falar sobre Amazônia
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, respondeu ao francês na mesma rede social.
"Eu não poderia concordar mais, Emmanuel Macron. Nós trabalhamos muito para proteger o ambiente no G7 no ano passado em Charlevoix, e precisamos que isso continue nesse fim de semana. Precisamos agir pela Amazônia e agir pelo nosso planeta –nossos filhos e netos contam conosco."
Os países que participam do G7 são:
Alemanha
Canadá
Estados Unidos
França
Itália
Japão
Reino Unido
Acordo entre o Mercosul e a União Europeia
O primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, afirmou que o país vai buscar bloquear o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE), a não ser que o Brasil proteja a floresta amazônica, de acordo com jornais irlandeses.
O voto para ratificar o tratado comercial está agendado para dois anos, e nesse tempo o Brasil será monitorado, segundo o irlandês.
Varadkar também comentou as afirmações sem evidência de Jair Bolsonaro de que ONGs podem estar por trás de queimadas na Amazônia para 'chamar atenção' contra o governo –o brasileiro disse isso na quarta-feira (21).
O irlandês classificou essa alegação como "orwelliana", em uma referência ao romancista George Orwell, que escreveu livros de temáticas distópicas.
Ativista também se manifesta
A ativista adolescente Greta Thunberg, da Suécia, também se pronunciou sobre o tema. "Até aqui no meio do Oceano Atlântico eu escuto sobre o recorde de incêndios devastadores na Amazônia. Meus pensamentos estão com os afetados. Nossa guerra contra a natureza precisa terminar", ela escreveu.
Ela está no meio de uma viagem de veleiro entre o Reino Unido e Nova York, onde vai participar de uma reunião da ONU.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse na quinta (22) estar profundamente preocupado com os incêndios na floresta amazônica.
Resposta de Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro respondeu ao francês Macron pelas redes sociais na quinta (22). Ele disse lamentar que o presidente da França "busque instrumentalizar uma questão interna do Brasil" para "ganhos políticos pessoais" e criticou o "tom sensacionalista" sobre a Amazônia. Ele também disse que o francês se refere à Amazônia "apelando até para fotos falsas".
A imagem que Macron usou junto com seu texto na rede social é antiga: ela foi feita pelo americano
O post do presidente francês é acompanhado da foto de um incêndio florestal Mas a imagem, na verdade, é antiga. Foi feita pelo fotógrafo americano Loren McIntyre, que morreu em 2003.
Para Bolsonaro, a declaração de Macron "evoca mentalidade colonialista descabida no século XXI".