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'O Grande Circo Místico', aposta do Brasil para o Oscar, é retrato bonito mas raso de relações amorosas
06/11/2018 08:51 em Cinema

Cacá Diegues aposta no realismo fantástico em “O Grande Circo Místico”, indicado pelo Brasil para disputar vaga de melhor filme estrangeiro no Oscar 2019. O diretor se inspirou no poema homônimo de Jorge de Lima e leva ao cinema histórias conturbadas e tragicômicas de uma família que nasce pelo amor - do homem pela mulher e da mulher pelo circo.

“O Grande Circo Místico” estreia no Brasil no dia 15 de novembro.

Contar em 105 minutos as histórias de cinco gerações da família Knieps, dona do circo, bem como das pessoas que entram e saem de suas vidas e do picadeiro ao decorrer dos 100 anos que marcam o roteiro dá agilidade à trama, mas trata das histórias de maneira superficial.

Apesar de o espectador acompanhar quase todos os personagens principais do nascimento à morte, a impressão é de conhecer apenas flashes de cada um em histórias que não são exploradas a fundo o suficiente para cativar ou emocionar.

Números de música, dança, trapézio, mágica e desfiles de elefantes e leões explodem em cores e movimentos na tela. E fazem de “O Grande Circo Místico” um filme bonito - em partes.

 

Grande elenco

Pelo menos há espaço para um elenco extenso e competente, com Jesuíta Barbosa, Juliano Cazarré, Bruna Linzmeyer, Mariana Ximenes e Vincent Cassel . O novato Rafael Lozano, da série “3%”, também está bem no papel do patriarca da família circense.

Mas a decadência do picadeiro, em conformidade com a solidão e as desgraças da família, despe o circo de sua magia. Há também alguns tropeços técnicos, como um certo exagero dos efeitos especiais.

No poema original, a história da família é contada em 46 versos que narram quase correndo a história das três primeiras gerações da família e se demora nas duas últimas. Em seu filme, Cacá Diegues expande o universo criado por Jorge de Lima para caber no cinema.

 

Magia e tecnologia

A família Knieps amadurece juntamente com a tecnologia no Brasil. A chegada do rádio, da TV e do cinema são inseridos tão delicadamente como a solidão, a fragilidade e o deslumbramento.

Mas a sutileza não tira o peso da meia decadência e da meia desgraça que acompanha todos os personagens, coadjuvantes ou principais. O filme alterna entre momentos cômicos e trágicos, guiado por um simpático mestre de cerimônias que nunca envelhece: Celaví.

Rancor, sentimento de vingança, incesto e estupro também estão no filme, mas sem se aprofundar nesses temas.

Por um lado, fica a naturalidade de uma vida que não pede licença para acontecer tal como é, por mais feia e violenta que seja. Por outro, é por vezes incômodo o modo como essas coisas se reproduzem sem questionamento.

O lirismo da narrativa é bonito e confere aura de grandiosidade e espetáculo a eventos tristes, como a morte de Beatriz durante o parto no centro do picadeiro, em meio a um número efusivo. É um filme pretensioso, que rompe com o realismo para explorar fantasia e sensualidade sem cerimônia, mas perde por ser raso em seu desenvolvimento.

 

O projeto

Diegues começou a produzir O Grande Circo Místico em 2006. “Nesse intervalo de 12 para 13 anos, me entreguei a esse projeto, enfrentando dificuldades pessoais, técnicas e financeiras”, contou o diretor.

O filme passou na seleção oficial do Festival de Cannes e arrancou aplausos do público. Também abriu o último festival de Gramado, além da indicação para tentar uma vaga em nome do Brasil no Oscar de filme estrangeiro.

A trilha sonora composta por Chico Buarque e Edu Lobo para a montagem que ficou em cartaz de 1983 a 1985 é um espetáculo. As belas canções, entoadas por grandes artistas como Milton Nascimento e Zizi Possi, foram parte da inspiração para Diegues criar sua adaptação e ganham, merecidamente, seu destaque na obra.

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